domingo, 11 de março de 2012

TROPA ESPECIALIZADA





Peixe, quem pensa que ao concluir a academia de polícia o seu treinamento pára... engana-se. Pra onde quer que você vá, seja um batalhão convencional ou especializado, não tem jeito... Você é posto a novos treinamentos, estudos e avaliações. Digo isso por experiência própria, guerreiro! Concluí o CFSd, fui transferida para um batalhão, trabalhar num Grupo de Apoio Operacional e lá, antes de iniciar o trabalho, passei duas semanas de muita suga e treinamento. Os camaradas, com toda a razão, queria saber se a recrutada estava realmente em condições de atender aos requisitos mínimos da guarnição.

Não foi nada fácil! Tivemos muitas horas de patrulha, abordagens e técnicas não-letais, isto é, muito gás na cara sob o sol e dentro de cubículos de alvenaria. A carcaça tem que ser forte, principalmente se aquele trabalho é o seu objetivo. E esse, irmão, era o meu objetivo. Sabia que aquela era uma oportunidade rumo à tropa especializada!

Ralei, guerreiro, mas o resultado imaginado veio muito antes do esperado: a convocação para um batalhão especializado! Aí, você deve estar pensando... "pronto, conseguiu sua vaga, seu lugar, seu objetivo!". Será que as coisas na polícia vem fácil, peixe? Claaaaaaaro que NÃO!!! Então, comigo não foi diferente. 

Passamos por 20 dias de treinamento técnico e teórico pesado! E quando digo "PESADO", imagine um treinamento incansável de CDC - Controle de Distúrbios Civis, aqueles escudos e capacetes ''leves'', agachando e levantando, subindo e descendo morros, correndo e andando... só de relembrar o que passei, caramba!!!  Mas isso não foi tudo, teve muita patrulha sob sol de meio dia, com fuzil e rastejo. Sem contar com o gases de CS e OC dentro de salas completamente fechadas, corridas quilométricas e apoios de punho cerrado sem fim. Não bastasse isso, tivemos dias incessantes de montagem e desmontagem dos mais variados armamentos, técnicas de abordagem a pessoa e veículos de acordo com a doutrina da unidade, além de tiro, muito tiro... com visada? paradinho? Não, meu camarada... era intuitivo, andando, correndo, em torre, deitado, com obstáculos e por aí vai... era ao gosto do instrutor e a mente do cara era fértil, irmão.

O treinamento foi árduo, sugado e pesado. Passei muito aperto, quando pensava que meu corpo tinha chegado ao seu limite, meus companheiros me faziam acreditar que poderia ir mais além. E foi assim que logrei êxito, com muita luta, determinação e sacrifício. Não havia diferenciação no tratamento entre os companheiros do pelotão... homens e mulheres eram tratados da mesma maneira (como tem que ser). Minha carcaça foi colocada à prova, assim como a dos meus companheiros, mas com bravura e união o pelotão iniciou junto e terminou junto, contrariando àqueles que julgaram que lugar de recruta não é em unidade especializada.

Mas digo o seguinte, companheiro: para fazer parte de uma tropa especializada não basta apenas ser voluntário, tem que querer muito, ser humilde ao reconhecer os seus erros e mostrar-se merecedor perante a tropa, em fazer parte dela.

Se é o que você quer, lute, dedique-se, aproveite as oportunidades, sugue o conhecimento dos mais antigos e mostre o seu valor. Pois se assim for, é totalmente possível você - Recruta - pertencer a uma tropa especializada. 

Já está preparando a sua carcaça???