No início
parece até brincadeira encontrar um militar meio ''perturbado'' no serviço,
chega a ser engraçado. Isso no começo, né irmão? Porque depois, você começa a
ver as alterações e aí a coisa pode até complicar para o seu lado. Estou
dizendo alguma mentira? Acho que não.
Estou
amando ser polícia, mas antes de amar a polícia, tenho que amar a mim mesma e,
com ela, a minha saúde física, mental e por que não... espiritual? Vi um dia
desses, um militar que me deu pena e me deixou muito preocupada. O dito cujo,
parou a viatura e começou a falar que ele estava à espreita de um traficante,
que ele ia invadir a casa do sujeito e ia cair de bicho pra cima, porque não
tinha medo de nada. Em suma, o policial ficava (ao longo da conversa) falando
palavras soltas e desconexas, ao mesmo tempo o cara que para ele era um
traficante, ele se auto-corrigia e falava que era um assaltante, assassino, ou
"bandidinho de merda"... uma mesma ocorrência tinha duas ou três
versões. Muito estranho...
Bem, eu
não conhecia o sujeito, mas estava certa que a história alí estava mal contada.
A guarnição se despediu do militar e seguimos nosso destino... no caminho, um
dos integrantes da guarnição perguntou: ''vocês conhecem o fulano?". Eu,
assim como outro companheiro, disse que NÃO. Então o combatente continuou...
''913 purinho!!!". Em seguida, disse outras peripérsias do militar,
segundo ele mesmo diz, ''913''.
Fiquei
espantada e me perguntei: mas um sujeito como esse primeiro, precisa de ajuda.
E segundo, não tem condições de estar trabalhando nas ruas, pois além de
colocar em risco a vida do próprio, está também arriscando a vida e a carreira
do parceiro, além da segurança de terceiros.
Nessa
mesma noite, a guarnição abriu uma discussão sobre o assunto. Contaram
histórias de outros militares na mesma situação... uns continuam na ativa, já
outros buscaram ajuda psicológica e até mesmo psiquiátrica. Não é brincadeira,
peixe, essa é uma situação muito mais comum de se ver do que imagina. E como
agir diante deste contexto? Você na posição de militar "perturbado"
procuraria ajuda? Você na condição de parceiro de serviço continuaria a
trabalhar com o policial? Você na condição de comandante afastaria o militar
das ruas? O que você faria?
Pelo o
que pude perceber, boa parte dos militares que passam por essa situação, muitas
das vezes vivem SER POLÍCIA 24 horas! Só conversam sobre trabalho e só vivem o
trabalho. Como se não bastasse, nos dias de folga, quando não arrumam um
trabalho de segurança (o que não é apropriado para a categoria), saem pelas
ruas em busca de QTC's e alterações. Causando transtornos não apenas na sua
vida profissional, pois com as alterações, vêm os processos e com isso, um
retardo nas promoções; mas trazem problemas também para a vida pessoal do
indivíduo, pois era o tempo que poderia estar dedicando a sua família e ao seu
bem estar.
Os
antigos e calejados dizem que devemos
ser policiais, mas não deixar que a polícia seja você. Até porque, você não
vai resolver todos os problemas da sociedade, nem a própria Instituição
consegue isso. Então por que você vai privar das horas que tem de folga, para
caçar confusão e alteração? Tenha outras atividades, busque uma religião,
dedique-se a sua família, descanse e volte com a mente sã e o corpo são para
mais uma jornada de trabalho.
Por amar
a minha profissão e por amar a mim mesma e as pessoas ao meu redor, que vou
buscar discernir um estilo de vida que me propicie ser uma profissional eficaz
e uma pessoa de bem com a vida. Equilíbrio, em todos os aspectos, é substancial
para uma trajetória de sucesso.
Abraço,
guerreiros!