quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

UMA NOITE NA FAVELA





Antes de entrar na PM, dava para contar nos dedos de uma mão as vezes que entrei numa favela. E ainda sim, nunca vi o que passei a ver quando comecei a trabalhar na polícia. Ficar patrulhando mato a dentro, esperar horas a fim de pegar algum flagrante e ver tanta gente drogada, me deu um ''choque de realidade''! Confesso que fiquei meio atônita com as primeiras imagens, mas isso foi logo no começo... a vontade de contribuir para a melhoria da sociedade que escolhi defender, me fez encarar a realidade e cair pra cima dos traficantes vagabundos (desculpem-me pela expressão) que alí estavam.

Como é triste ver adolescentes, senhores e jovens entregues às drogas... mais enfaticamente ao crack... é deprimente. Na abordagem, ao fazer uma revista, tenho que tomar cuidado, pois parece que corro o risco de quebrá-los... sim, quebrá-los... de tão raquíticos que são. Parece que a droga suga todas as forças e músculos que há no corpo.

Sem contar o estado de ''retardo mental'' que eles apresentam. Não fazem noção sequer do que estão fazendo alí, só reconhecem o maldito cachimbo. Este objeto, assim como as pedras são defendidas por unhas e dentes.
A favela, por volta da 00h30/1h, parece um mundo à parte. É o momento em que o povo de bem que alí vive se recolhe e dá lugar aos ''zumbis'' a procura de drogas e alterações. E dá raiva quando a gente aborda um sujeito que temos o conhecimento de que trafica na região e não pega droga nenhuma com o infeliz, só um 'bolo' de dinheiro no bolso. Cadê a porcaria da pedra, do pó e da bucha? São astutos... cada dia mais astutos.

Antigamente eles eram óbvios demais, hoje enterram e escondem a droga em tudo quanto é lugar e retiram com a mesma facilidade. Enquanto um está desenterrando, outro está recebendo o dinheiro e um terceiro entregando a mercadoria, tudo muito rapidamente. Isso numa multidão, por exemplo, torna-se imperceptível. Quando ficamos numa patrulha, o processo pode ser observado melhor. Mas dar aquele bote padrão, está cada vez mais complexo. Mas quem disse que seria fácil? Se fosse fácil, a sociedade não precisaria da Polícia Militar, não é mesmo?

Sabemos que não vamos findar completamente essa situação, até porque essa é uma questão que não cabe única e exclusivamente a Polícia Militar, nós apenas aplicamos o que rege a lei, mas se tivermos a consciência de que cada um pode contribuir a sua meneira para combater esse mal, seja você policial ou cidadão de bem, com certeza a sociedade terá uma resposta positiva. Eu estou fazendo a minha parte, combate... e vc, está fazendo a sua?